“Este é um pequeno passo para o homem, mas um grande salto para a humanidade”. Dificilmente você nunca ouviu esta frase, cunhada com certa canastrice por Neil Armstrong ao pisar na lua, tornou-se uma das frases símbolo do século XX. O ser humano sempre teve um espírito desbravador, e tem tomado lideres de expedições, sejam grandes navegações ou viagens espaciais, como seus heróis. Porém, todo herói antes de tudo é uma pessoa comum, com inseguranças, angústias e incertezas. E é neste ponto que percebemos que uma grande conquista não é como em nossas brincadeiras de criança…
Em O Primeiro Homem o diretor Damien Chazelle (Whiplash e La La Land) apresenta a saga da chegada à Lua através da vida do astronauta Neil Armstrong. Ao contrário de outros filmes que contam a história de sagas espaciais, o que se vê na tela não é uma aventura espacial épica ou uma jornada ultra patriótica durante a Guerra Fria, mas sim um drama de um homem que a todo tempo está entre a superação de um trauma familiar e a maior conquista do homem.
Ryan Gosling (Drive e La La Land) interpreta um Neil Armstrong introspectivo, de emoções contidas e poucas interações com outros personagens. O filme começa com uma perda familiar do então piloto, fato que dá o tom de todo desenvolvimento da história. Gosling atua de maneira fria durante o desenvolvimento da história, que faz o contraponto entre o pai de família que tenta educar seus filhos e o chefe da missão mais importante da NASA até então.
A opção em abordar as dificuldades e conflitos individuais em uma história tão grande e impactante tem seu saldo negativo. Ao apresentar de maneira tímida a efervescente cultura dos Anos 60 e o contexto da Corrida Espacial o filme pode tornar-se um pouco cansativo, principalmente nas sequencias familiares do protagonista.
O maior destaque fica por conta dos aspectos técnicos. As sequências de treinamento e decolagem são filmadas de uma maneira que passam uma sensação de desconforto ao espectador. O diretor opta por filmar boa parte do tempo com a câmera muito próxima ao rosto dos atores, desta forma é as emoções são potencializadas e é criada uma sensação claustrofóbica que tem muito a ver com os ambientes frequentados por astronautas em treinamento e em missões.
As cenas dos lançamentos das naves são momentos tensos e incômodos. Aliada a técnica de filmagem que passa a sensação de aperto o tempo todo, há também uma produção de som muito bem executada. A cada ruído da nave pré lançamento ficamos ansiosos e apreensivos, mesmo sabendo que no fim tudo dará certo. Por fim as cenas na lua são uma recompensa tanto para Neil quanto para quem o acompanha na poltrona da sala de cinema.
O Primeiro Homem dificilmente será considerado o maior trabalho de Chazelle e se for indicado ao Oscar provavelmente só estará entre os favoritos entre os prêmios técnicos. Mas isso não significa que o filme seja algo menor ou apenas uma biografia descartável, pelo contrário, trata-se de um drama muito interessante ao mostrar o bastidor realista de uma história muito conhecida. Ao fim da seção os momentos que passamos dentro da Apollo 11 terão valido a pena.
Nenhum Comentário